Vereadora eleita e parentes são indiciados por chacina no interior do CE

 

Motivação do crime, segundo a Polícia Civil, foi a intenção de acabar com roubos no reduto eleitoral da parlamentar. Os dois filhos dela estão presos e são suspeitos de ajudar na logística antes e depois das execuções




A Polícia Civil do Ceará indiciou mais três pessoas por envolvimento na chacina de Ibaretama, ocorrida em 26 de novembro deste ano, a qual deixou sete pessoas mortas, incluindo uma criança. Além dos três homens já identificados e indiciados, uma vereadora eleita no pleito deste ano e mais dois integrantes de sua família são acusados de auxiliar os matadores no evento criminoso.

A família de Edivanda de Azevedo está no cerne de toda a investigação da Polícia Civil. Isto porque os seus dois filhos Francisco Victor Azevedo Lima e Kelvin Azevedo Lima foram presos um dia após a matança e são considerados suspeitos de auxiliar o grupo liderado por Wandeson Delfino de Queiroz, o 'Interior', líder de um núcleo da facção Comando Vermelho (CV).

Agora, além de ter um indiciamento contra si, Edivanda viu o irmão, Edvan Lopes dos Santos Azevedo, e o enteado Josenias Paiva de Andrade Lima serem acusados formalmente como partícipes da ação criminosa. Segundo a Polícia Civil, a motivação para a chacina seria a intenção de acabar com os roubos que aconteciam reiteradamente na região, que é reduto eleitoral da vereadora eleita.

O relatório complementar de inquérito assinado pelo delegado Ícaro Gomes Coelho, na última sexta-feira (11), aponta que a família de Edivanda foi vítima de roubos em sua casa por membros da facção Guardiões do Estado (GDE). Eles teriam levado motocicletas, celulares e computadores de uma associação à qual a parlamentar integra, tudo isso sob violência e ameaça.

Auxílio

Conforme o documento da Polícia Civil, Edivanda tinha conhecimento da chegada do grupo de 'Interior' e "deu pleno auxílio à permanência deles na casa de propriedade de Kelvin, tanto antes quanto depois da empreitada criminosa". O delegado aponta que a vereadora eleita, além de ter prestado alimentação aos matadores, deu declarações contraditórias às autoridades policiais quando foi inquirida.

Para dar base ao indiciamento, os investigadores juntaram ao relatório diálogos em texto e áudio realizados por meio de uma rede social e obtidos a partir dos celulares de Kelvin e Francisco Victor, os quais apontam para o conluio da família na ação. Em um diálogo, Kelvin escreveu, em uma rede social, para o irmão: "Macho, vai vai acalmar aqui agora, viu?! Depois desse aí, os únicos que tinham fazendo inferno aqui era eles, aí desceu logo 06 de uma vez? aí o negócio vai acalmar aqui agora".

Demais investigados

Foi a partir desses diálogos que os policiais chegaram ao irmão de Edivanda, Edvan Lopes dos Santos, o 'Ezim'; e o enteado Josenias Paiva de Andrade Lima, o 'Zói'. O primeiro aparece em mensagens trocadas com Francisco Victor, afirmando que jogou uma sacola com alimentos fora quando observou um helicóptero das forças de segurança. A comida seria entregue aos supostos criminosos que se esconderam na casa de 'Ezim', após a chacina.

A relação de 'Ezim' é ainda mais interna, segundo o relatório. Em áudios trocados com Victor, o indiciado sugere que a vereadora eleita já sabe da presença dos criminosos na região. Em depoimento à Polícia, ele disse que teve conhecimento dos assassinatos no mesmo dia, mas não sabe quem estava escondido em sua casa. A reportagem entrou em contato com a defesa de Edivanda Azevedo, bem como pelo número da parlamentar que deve tomar posse dia 1º de janeiro, mas as ligações não foram atendidas.

Já na última quinta-feira (10), o Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou os irmãos Victor e Kelvin, além de 'Interior', pelas mortes em Ibaretama. Caso a Justiça acolha o posicionamento da Promotoria, eles deverão responder por homicídio qualificado.


Diario do Nordeste

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