Risco de lesão cardíaca após Covid-19 liga alerta no futebol


 

Há duas semanas, o atacante Aubameyang desfalcou a seleção do Gabão pela Copa Africana de Nações. Alguns dias antes, havia recebido um teste positivo para a Covid-19, assim como os companheiros Meyé e Lemina. Os três apresentavam o mesmo problema: lesões cardíacas. Foi também o diagnóstico do lateral-esquerdo Alphonso Davies, afastado do Bayern de Munique-ALE.

Os casos foram anunciados no mesmo dia, mas o mundo do futebol vem enfrentando situações desde o início da pandemia. O goleiro Matheus Cavichioli, do América-MG, foi mais um dos que testaram positivo para o coronavírus e teve problemas cardíacos.

De acordo com o cardiologista Raniere Cabral, que atua no Hospital do Coração de Alagoas, a infecção por Covid-19 é algo para se ficar de olho, especialmente no caso de atletas, embora não possa ser ignorado pelos esportistas recreativos, que se submetem a exercícios físicos de leve a moderada intensidade.

"O acometimento cardíaco na covid-19 pode chegar a 16% dos casos e os motivos são vários", explicou. "É de conhecimento geral que exercícios físicos vigorosos podem levar à morte súbita em indivíduos com doenças subjacentes não diagnosticadas, muitas delas de origem genética. Entre as patologias adquiridas, a doença arterial coronariana e a miocardite", afirmou o especialista.

Uma pesquisa na Alemanha, da Jama Cardiology em 2020, mostrou como o coronavírus afeta o coração. Os pesquisadores estudaram 100 pessoas, com idade média de 49 anos, que se recuperaram da Covid-19. A maioria foi assintomática ou teve sintomas leves. Dois meses após o diagnóstico, cientistas submeteram os pacientes curados a exames de ressonância magnética e fizeram descobertas alarmantes: cerca de 80% deles apresentavam anomalias cardíacas e 60% tinham miocardite.

MAIOR RISCO

Segundo Cabral, a morte súbita dentro do esporte está relacionada à intensidade dos exercícios físicos, no qual os atletas e esportistas competitivos entram para o grupo de maior risco de eventos cardíacos em comparação aos que fazem exercícios de forma recreativa. Por conta disso, é necessário que todo o paciente acometido pela Covid-19 passe por uma avaliação médica antes de retornar.

"A avaliação pré-participação esportiva é a principal ferramenta para a prevenção de morte súbita no esporte e está recomendada para todos que querem iniciar ou reiniciar um programa de exercícios físicos. No contexto atual de pandemia por um vírus que pode levar a alterações cardíacas micro ou macroestruturais, essa avaliação médica deve ser feita antes de reiniciar a prática", disse.

A avaliação deve ser realizada após 14 dias do diagnóstico da contaminação pelo coronavírus ou ao fim dos sintomas. Geralmente, atletas contaminados não se curvam aos sintomas. Poucos episódios são relatados de jogadores que ficaram de cama por causa da Covid. Caso uma miocardite seja comprovada, a avaliação deve ser feita três meses após a resolução dos sintomas.

Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), entre março de 2020 e janeiro de 2021, contou com 900 hospitais. Os resultados da agência afirmam que pacientes com Covid-19 tinham quase 16 vezes mais chances de demonstrar um caso de miocardite do que os não infectados, com risco maior para pacientes com menos de 16 anos ou com mais de 50 anos.


Diario do Nordeste

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