Ceará: Metade das mortes no trânsito em 2021 são de motociclistas



 Total de 1.176 pessoas morreram em decorrência de lesões no trânsito do Ceará, de acordo com dados de boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) divulgado no dia 25 de maio. O número representa uma queda de quase 5% em relação ao registrado em 2020 e corresponde ao sétimo ano consecutivo de queda do índice, desde 2014. Até abril de 2022, os registros parciais indicam que já foram contabilizadas 267 mortes no Estado.Quase metade dos registros de morte no trânsito de 2021 — 580 de 1.176 (49,3%) — foram de motociclistas, público que vem se destacando como maior vítima do trânsito ao longo dos últimos anos. A edição mais recente do Relatório Anual de Segurança Viária de Fortaleza, publicada em 2019, apontou que houve uma redução do número de mortes de motociclistas na Capital, mas alertou que ainda há uma alta taxa de mortalidade quando comparada com cidades de países desenvolvidos, como Londres e Nova Iorque.

Nacionalmente, o cenário se repete, e as mortes de motociclistas representam quase 40% do total em 2021, segundo dados do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). A instituição, responsável por propor uma nova gestão para o trânsito brasileiro, estabeleceu como meta a redução de 50% do número de mortes de motociclistas até 2028. A mesma proporção de queda também é esperada para a estatística de pedestres e ciclistas.

O professor José Ademar Gondim Vasconcelos, docente do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), argumenta que os motociclistas são muito vulneráveis no trânsito. "Não há uma proteção proporcional à velocidade que as motos desenvolvem, e muitos condutores não são habilitados", pontua. "É preciso trabalhar o fator humano. Defendo que, antes de receber a habilitação, o candidato deveria passar um plantão em um hospital de emergência", enfatiza.

No Ceará, os jovens do sexo masculino estão entre as vítimas que mais morrem no trânsito, especialmente na faixa etária entre 20 e 29 anos, com 225 registros. No mesmo intervalo etário, 39 pessoas do sexo feminino morreram. Após os motociclistas, os ocupantes de automóvel, pedestres e ciclistas registraram os maiores índices de mortes no trânsito, com 168, 134 e 34 registros, respectivamente.

Já em relação ao número de internações por lesões de trânsito, houve um aumento de 13,8% — passando de 11,2 mil em 2020 para 12,7 mil em 2021. A proporção do número de óbitos comparado às internações tem apresentado uma tendência de redução entre os anos de 2015 a 2022, conforme os dados divulgados pela Sesa. A pasta alerta, no entanto, que as estatísticas de morbimortalidade (internações e óbitos) ainda são altas.

Entre as regiões do Estado, os maiores índices são contabilizados proporcionalmente no Norte, onde a taxa bruta de mortalidade chegou a 29,4 por 100 mil habitantes em 2021. Na sequência, aparecem o Litoral Leste/Jaguaribe (21,7), Sertão Central (20,6) e Sul (14,9). A macrorregião de Fortaleza apresenta as menores estatísticas, com taxa de 4,2 e quedas consecutivas do indicador desde 2019.

O trânsito no Interior, de acordo com Gondim Vasconcelos, tem se tornado mais perigoso porque a moto substitui outros meios de transporte, como o cavalo, mas não há uma formação necessária. "As pessoas começam a andar de moto sem entender que a velocidade é outra e que o risco é muito grande", aponta, sugerindo que o poder público aposte em campanhas de conscientização para tentar diminuir o número de lesões no trânsito.

Diante dos dados e dos fatores associados à ocorrência de lesões e mortes no trânsito — como o aumento da frota de veículos e o uso do álcool associado à direção —, a Sesa considera importante a abordagem de sistema seguro que enfatiza a promoção e a educação em saúde, bem como intervenções urbanas que visem à redução de riscos. Entre os preceitos apontados pela pasta, defendidos pelo Pnatrans, está o objetivo de que nenhuma morte ou lesão grave seja aceitável no trânsito.


O Povo

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