Mistério: Manifestações ufológicas ou aparições divinas no interior do Ceará




Em meio a uma grande onda ufológica que se abateu sobre vários estados nordestinos durante os anos 90, incluindo inúmeros registros de avistamentos, contatos, perseguições e até mesmo de abduções em centros urbanos e localidades isoladas — fatos pesquisados pelos ufólogos locais —, um acontecimento particular trouxe completa estupefação e êxtase às testemunhas. Trata-se de um incrível fenômeno ocorrido em 1994 na Serra de Baturité, no Ceará, considerado um dos episódios mais curiosos da Ufologia. Na ocasião, milhares de pessoas compareceram ao município de Brejo para testemunhar a aparição, com hora marcada, do que imaginaram ser Nossa Senhora. O personagem mais polêmico da história foi o beato José Ernani dos Santos, que afirmava estar em contato com a Virgem.

Na Serra de Baturité, também conhecida como Terra do Sol devido ao intenso calor, apesar de em alguns pontos chegar a 1.115 m de altitude, eventos ufológicos ocorrem com frequência, assim como em outras partes do Território Nacional, mas com estranhas particularidades. Uma sequência de revoadas de UFOs em toda a área culminou com vários contatos diretos mantidos por habitantes da região com alienígenas em várias épocas do século passado, especialmente durante a década de 90. Por essas ocasiões, membros do Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU), de Fortaleza, acompanharam de perto e investigaram profundamente todos os fatos 

O caso mais curioso se deu em 1994 com o beato Santos, então com 25 anos, que declarou ter visto e conversado com um “ser de luz” que se apresentou como sendo a mãe de Jesus. Entrevistado pela equipe do CPU, Santos declarou que a primeira vez que a santa apareceu ele estava em companhia de outras pessoas, rezando em uma gruta na Vila Peri, em Fortaleza. A partir daquela data, 23 de abril do referido ano, somente ele conseguia ver a entidade. “Todas as segundas e sextas-feiras quando rezo o terço, sou visitado pela aparição e, em uma dessas ocasiões, Nossa Senhora disse que já visitara a serra antes e que voltaria nos primeiros dias de setembro e de outubro”, afirmou aos pesquisadores. Segundo o beato, a entidade desejava que todos estivessem lá, pois aquela terra teria sido escolhida por Deus para as manifestações.



Olhos azuis penetrantes

Santos a descreveu como tendo feições de uma jovem com cerca de 20 anos, com rosto e nariz afilados, boca em formato de coração, pele rosada, cabelos castanhos e ondulados. “Seus olhos são azuis penetrantes”, garantiu. Segundo o rapaz, quando a entidade aparecia havia sempre uma brisa que esvoaçava seu manto, deixando à mostra seus cabelos sedosos. Em volta da cintura ela trazia uma faixa da largura aproximada de quatro dedos, cuja ponta descia pela perna esquerda como uma estola. Na vestimenta, ele viu as faces de um homem de barba e com cabelos brancos, supostamente o rosto de Jesus, e uma pomba branca — Santos atribuiu a esses desenhos a imagem da Santíssima Trindade.

Segundo o vidente, a voz da visitante era melodiosa e compassada. Em uma das aparições, ela teria deixado o seguinte recado: “Queridos filhos, muito obrigada por terem correspondido ao meu apelo. Hoje trago uma mensagem de conversão a Baturité. Meus filhos, rezem. Peço-vos que não se cansem de orar, pois só assim poderão se aproximar de Deus e se tornar cada vez mais seus filhos”. A entidade continuou dizendo que o presente mais importante que Jesus deseja dar àquelas pessoas seria ele mesmo se fazendo holocausto para a remissão de vossos pecados, por meio da eucaristia. “Aos meus filhos prediletos, aos sacerdotes de Baturité, dirijo essa mensagem. Honrai vossas vidas doando-as, a cada dia, aos sacramentos e ao próximo. Hoje estou abençoando esta terra escolhida por Deus para a minha manifestação”.

As mensagens surtiram enorme efeito sobre a população. Em 01 de setembro de 1994, três mil pessoas que compareceram em romaria à cidade de Brejo, a convite do beato, presenciaram aquela que seria uma das manifestações agendadas. Todos os presentes foram unânimes em afirmar que, às 14h10, o Sol perdeu sua claridade, ficando como a Lua cheia e mudando de cor, enquanto uma brisa suave amenizava o clima causticante do local — os presentes caíram de joelhos no chão, rezaram e choraram em voz alta, clamando pela misericórdia da santa. O agricultor José Valdenir Lima jurou que viu uma fumaça sair entre as palmeiras, enquanto um vento frio balançava as palhas das árvores. Outras pessoas disseram ter observado uma figura transparente subir ao céu.

Ambiente místico

Para o dia 01 de outubro do mesmo ano, um mês depois, estava prevista outra aparição da Virgem, segundo o vidente. O local exato era o Sítio Labirinto, na mesma cidade serrana, em uma baixada com muitas plantações de cana-de-açúcar e mandioca. Naquele dia, o ambiente era místico — as pessoas levavam consigo terços, Bíblias e outros objetos religiosos. Estavam presentes cegos e deficientes físicos que, juntos, entoavam cânticos marianos. Todos procuravam um lugar mais próximo ao local onde seria erguido o altar para a mãe de Jesus. Devidamente instalados com filmadoras, máquinas fotográficas, detectores de energia estática e campo magnético, os pesquisadores do CPU iniciaram as entrevistas com populares, que afinavam as vozes com canções religiosas.

Por volta de 11h00, o recinto já estava repleto, mas muitos fiéis ainda chegavam de todas as partes, de ônibus, bicicleta, a cavalo ou a pé. Mais de cinco mil pessoas aguardavam às 14h00, horário em que, segundo o beato, o ser desceria dos céus em busca dos confiantes devotos. A região estava cercada por cordas e era guardada por escoteiros — eles haviam recebido ordens para não deixar ninguém se aproximar, nem mesmo a imprensa. Faltando 10 minutos, o vidente chegou acompanhado por dois auxiliares, rezando um terço e se postando no ponto em que deveria se concretizar a aparição. Ele pedia calma e solicitava que não o tocassem, pois, conforme suas próprias palavras, “era apenas um pecador escolhido para transmitir as mensagens e que não faria nenhum milagre”.

José Ernani dos Santos se ajoelhou e com um microfone disse ao povo que a santa viria benzer todos os objetos e animais que ali estavam. Depois, ainda segundo o beato, a entidade abençoaria os presentes e, da terceira vez, Baturité e especialmente os monges do Mosteiro dos Jesuítas, ali instalado. Faltando dois minutos para às 14h00, a multidão olhava para o céu. No alto, as nuvens curiosamente se encaminhavam para o local esperado e duas maiores se juntaram em uma só — essa nova nuvem era diferente, escura e pareceu nitidamente diminuir a velocidade, enquanto as demais seguiram normalmente o percurso aleatório. Uma brisa fresca, mas carregada de energia eletrostática, surgiu e concedeu uma refrescante mudança de temperatura, enquanto pessoas caíam de joelhos ou rolavam pelo chão.

Contas do rosário

O Sol, a pino, espalhava raios multicoloridos sobre a copa das árvores. Um círculo prateado, com tamanho aproximado da Lua, se formou ao lado do astro, se deixando ver e desaparecendo lentamente, emocionando a todos. A excitação foi geral — gritos de perdão, choros e canções religiosas tornaram o ambiente indescritivelmente místico e amedrontador. Santos, em transe, escrevia uma mensagem que estaria sendo ditada a ele. Pouco tempo depois, tudo desapareceu e o céu voltou ao normal, como que por encanto. O jesuíta missionário padre Andrade Souza, do Mosteiro de Baturité, rezou uma missa no local e o povo não tirava os olhos da atmosfera, na expectativa de que algo ainda pudesse acontecer.



Logo após a celebração, o beato informou que Nossa Senhora havia prometido voltar em 05 de novembro, quando alguém apontou para o céu e gritou: “Olhem as contas do rosário da Virgem”. Os pesquisadores do Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU) Paulo César Távora e Hélio Loyola apontaram suas câmeras e registraram a existência do que pareceu serem quatro UFOs camuflados — pela distância, calculou-se que teriam cerca de 30 m de diâmetro. Três deles estavam enfileirados e, o outro, afastado e parecendo menos encoberto, de aspecto discoide, sólido e metálico — dele também escapava algum tipo de fumaça.

Os objetos voadores não identificados estavam parados no céu, como se observassem o cenário abaixo, e, então, as nuvens se movimentaram novamente do mesmo modo suspeito, permitindo aos pesquisadores confirmar a forma dos aparatos, autênticos discos voadores. Mas eles desapareceram em seguida, deixando apenas as fotografias e mais de 5 mil pessoas como testemunhas. Uma filmadora também usada para registro do fenômeno somente conseguiu captar três colunas de alguma coisa semelhante à poeira, que surgiram por trás de duas palmeiras onde a mãe de Jesus deveria estar, na suposição do vidente.

Análise dos acontecimentos

Quando entrevistados, muitos dos fiéis identificaram os UFOs como “lágrimas da santa em seu pranto pelos humanos” ou mesmo como “contas de seu colar” — acreditavam ter estado em sua divina presença. Os estudiosos presentes, conscientes de que aquilo foi uma manifestação ufológica, tentaram tratar desses termos com algumas das testemunhas, mas elas declararam veementemente que o que viram não poderia estar relacionado a discos voadores. “Era mesmo a Virgem que nós vimos”, declarou Maria Benedita. O pesquisador Távora, que é engenheiro eletricista, havia espalhado na área detectores de variação de campo magnético dinâmico, de energia eletrostática e infravermelha. Ele constatou que, quando ocorreu o fenômeno da brisa circulante, o detector de campo magnético não se alterou, mas o de campo eletrostático apresentou registro de 10 pulsos por segundo, confirmando assim a presença de forte eletricidade estática no local.

Estranhamente, causando mais surpresa aos estudiosos, a energia se apresentou de forma pulsada, e não com intercalação mais prolongada, como seria esperado. O equipamento de análise foi testado antes e depois do fato e não estava defeituoso. Imediatamente, no entanto, surgiram as mais variadas “explicações”. O coronel José Celso Coarem Luanda, por exemplo, na época vice-presidente da Estação de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, declarou que o fenômeno foi causado pelo lançamento dos foguetes Tomahawk, da Operação Guará. Segundo Luanda, a 300 km de altitude esses mísseis liberavam bário para medir a luminescência nas camadas superiores.

Membros do CPU chegaram a participar de um desses experimentos, acompanhados por integrantes do Observatório Astronômico Herschel-Einstein, sob a direção do astrônomo e professor Cláudio Pamplona. Tais testes eram realizados sempre entre 18h00 e 18h30, quando o céu não estava mais iluminado pelo Sol. Eles proporcionavam um espetáculo fantástico a quem os assistisse, mas totalmente diferente do acontecimento documentado em Baturité. Segundo Pamplona, uma experiência com bário entre 12h00 e 17h00 seria inútil para pesquisas de luminescência na ionosfera — e para que fosse visível na cidade cearense, o lançamento dos foguetes deveria acontecer na Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, não em Alcântara, no Maranhão. Além disso, seria visto em vários pontos do Ceará, inclusive em Fortaleza, e não estaria localizado apenas àquele local.

Passado duvidoso

A conclusão a que se chega é que a explicação para o fenômeno não é a oferecida pelo militar. E assim, novamente, um espetáculo fora do comum é o que tomou conta da Serra de Baturité, sendo testemunhado pelos fiéis, por pesquisadores e muitos curiosos. Dessa vez os ufólogos documentaram algo que lhes pareceu uma projeção holográfica — ao lado do Sol, um estranho disco de luz vermelha pulsante era acompanhado por 14 esferas que pareciam sair de um compartimento invisível a olho nu, mas capturado pela câmera. O artefato principal mudava de cor em uma sequência que ia do vermelho para o roxo, o amarelo, o verde e finalmente o azul.

Em uma das fotografias do Sol, feita com a ajuda de um filtro, foi detectada a presença do artefato em forma de concha. Muitas testemunhas foram unânimes em afirmar a veracidade dos fatos, algumas descrevendo a aparição como sendo a Estrela de Belém — mas tratava-se de uma esfera azulada, parecida com a Lua cheia. Naquele momento, muitos seguidores de José Ernani dos Santos gritavam horrorizados com o acontecimento, interpretado por eles como sendo o fim do mundo. Porém, o caso não foi único e outras manifestações aconteceram no mesmo período, em um novo lugar escolhido por Santos para as visitas marianas, muito bem organizado, com altar de alvenaria, serviço de som, bancas e uma clareira aberta de 20 mil metros para acomodar os fiéis. A coisa toda se tornou high tech.



Os seguidores do beato juravam que viam Nossa Senhora às vezes sozinha jogando pétalas sobre a multidão, e às vezes com Jesus no colo. No entanto, é evidente, nada foi provado que pudesse confirmar essas declarações. Aliás, ao contrário, a própria Igreja acabou negando a existência de qualquer aparição da Virgem em Baturité e alertou os fiéis para que tomassem cuidado com falsos profetas — segundo dom Aloísio Lorscheider e o padre Aldo Pagotto, autoridades da Santa Sé, o passado do beato era duvidoso. Para completar, os religiosos admitiram publicamente que as manifestações eram assunto exclusivo da Ufologia, não da Igreja.

Assim, não restaram dúvidas de que os fatos registrados em Baturité tinham origem ufológica, faltando saber se foram propositais ou acidentais — ou seja, houve intencionalidade por trás das ações realizadas pelas inteligências responsáveis pelo fenômeno ou tudo ocorreu ao acaso? Seja qual for a resposta, ainda falta entender como o cenário foi aparentemente manipulado para que os fatos se dessem, como os movimentos inusitados das nuvens e alteração do clima. Como o CPU já vinha monitorando a situação na região, comandado pelo eminente ufólogo e coeditor da Revista UFO Reginaldo de Athayde, o que agora ocorreu são novos e inequívocos registros da ação de outras inteligências cósmicas no planeta. Ao definir aquilo que ele e sua equipe viram na Serra de Baturité, Athayde disse: “Foi estarrecedor. Simplesmente nunca vi nada igual”.


Seriam sondas ufológicas?

A insólita junção das nuvens, como que atraídas ou empurradas umas às outras, a súbita brisa refrescante, dando uma trégua ao calor insuportável da localidade, e as alterações repentinas no campo eletrostático do local são indícios muito fortes para serem consideradas meras coincidências. Somem-se a isso as três colunas de fumaça direcionadas ao solo e a manifestação de objetos metálicos que se camuflavam, saíam das nuvens à grande altitude e desapareciam misteriosamente entre elas — toda essa movimentação foi acompanhada e documentada por pessoal capacitado e acostumado com a geografia, o ambiente e outras particularidades da região.

Ou seja, de algum modo o vidente José Ernani dos Santos esteve incontestavelmente ligado ao fenômeno, pois sabia das horas e dos locais exatos das manifestações. Esse fato singular parece ser comum às aparições marianas registradas em todo o mundo — nas quais, geralmente, alguém serve como um canal de comunicação para receber mensagens consideradas divinas. Todavia, não sabemos se os conteúdos transmitidos por essas entidades são autênticos ou fruto da interpretação equivocada ou distorcida da mente humana, especialmente pelo alto teor apocalíptico e às vezes até infantil dos mesmos. Durante as etapas da investigação do caso na Serra de Baturité, conseguiu-se obter muitas fotografias de luzes oscilantes e coloridas nas redondezas, dando conta da intensa onda ufológica existente naquele território — embora as imagens sejam questionadas por vários estudiosos.

Entre os pesquisadores dos fatos ocorridos no Ceará prevaleceu a conclusão de que os UFOs ali avistados fugiam do convencional, mostrando-se com aparência de gigantescas conchas do mar e aparentando a capacidade de liberar naves menores — como as relatadas pelos fiéis como sendo lágrimas ou contas de um colar. Esses pequenos periféricos que rodeavam artefatos maiores, por suas dimensões e comportamento, se mostraram semelhantes àqueles das narrativas onde figuram sondas ufológicas. E o interessante é que, ao contrário do que sempre se viu na casuística ufológica cearense, impregnadas de violência contra testemunhas, as manifestações na Serra de Baturité tiveram um tom pacífico.

Mas o que houve, afinal, no Sítio Labirinto? A descrita onda ufológica anterior aos acontecimentos seria uma preparação para o que viria a seguir? Seres extraterrestres estariam por trás dos fenômenos marianos em Baturité, ou apenas acompanhariam as ocorrências? Estariam eles, na verdade, escoltando alguma entidade superior? Qual seria, enfim, a mensagem original por trás das manifestações semelhantes registradas pelo mundo afora, já que grande parte deles se trata, sem dúvida, de casos ufológicos? Essas são perguntas que ainda permanecem sem respostas, restando à Ufologia o esforço de investigar as situações e esclarecer sua natureza.

Revista UFO

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