Ceará: Facção criminosa Comando Vermelho está no alvo do Ministério da Justiça e da SSPDS-CE

 


Uma facção criminosa de origem carioca, com atuação em todo o Brasil, inclusive no Ceará, está no alvo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE). Em outra parceria entre os órgãos, R$ 13,2 milhões em recursos federais vão ser investidos no Estado, para diminuir homicídios.

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o secretário da Segurança Pública do Ceará, Samuel Elânio, revelou que há um esforço do MJSP para enfraquecer a facção carioca em todo o Brasil: "Existe um trabalho, a nível de Ministério da Justiça, com todos os estados, que pertine ao grupo criminoso que atua no Rio de Janeiro, que vem dando trabalho em vários estados".

A reportagem apurou, com fontes da Segurança Pública do Ceará, que a facção carioca - existente há décadas - enfrenta uma crise em vários estados, com brigas internas. É o que acontece no Ceará, onde uma dissidência da facção criou uma organização criminosa local e os dois grupos entraram em confronto, o que resultou em vários homicídios, na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), desde o ano passado.

Uma das últimas operações da SSPDS que mirou a facção carioca e dois grupos cearenses dissidentes da organização criminosa nascida no Rio de Janeiro foi a 5ª fase da Operação Profilaxia, no início deste mês de setembro. 44 mandados de prisão foram cumpridos, contra chefes dos grupos criminosos e duas advogadas.

A polícia cearense também conseguiu sufocar a facção carioca nos últimos anos a partir da prisão de uma mulher chefe do setor financeiro do grupo criminoso, Francisca Valeska Pereira Monteiro, a 'Majestade', em agosto de 2021. Dezenas de integrantes acabaram presos. Entretanto, uma falha na investigação apontada pela Justiça Estadual permitiu a soltura de vários suspeitos.

INJEÇÃO DE RECURSOS CONTRA HOMICÍDIOS

O secretário Samuel Elânio também revelou que, em outra parceria com o Governo Federal, o Estado irá receber R$ 13,2 milhões oriundos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para o pagamento de horas extras a agentes de segurança estaduais, que irão trabalhar focados na redução de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) - categoria que abrange homicídios, feminicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.

44 mil diárias serão pagas a policiais civis e militares, bombeiros militares e peritos, no Ceará, entre o último dia 1º de setembro e 31 de dezembro deste ano (um período de 4 meses), na Operação Paz. O que significa 367 diárias por dia ou 11 mil diárias por mês, segundo dados repassados pela SSPDS.

Nos dez primeiros dias de Operação, as Forças de Segurança do Ceará prenderam 51 suspeitos e apreenderam 29 armas de fogo e 701 munições. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social divulgou ainda que 1.960 pessoas e 719 veículos foram abordados, em todo o Estado.

A nossa Copol (Coordenadoria de Planejamento Operacional, da SSPDS), que faz esse trabalho integrado, é a responsável por organizar e planejar tudo isso. Pegando os dados da Supesp (Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública) de onde a gente precisa atuar mais e fazendo a devida distribuição do efetivo. Essa é a maior mobilização do Governo Federal em Segurança Pública desde a Copa do Mundo no Brasil (ocorrida em 2014), segundo o Ministério da Justiça."
SAMUEL ELÂNIO
Secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará

O Ceará terminou o primeiro semestre de 2023 com uma redução de 6% no número de CVLIs, na comparação com igual período de 2022. A redução foi ainda maior em Fortaleza: 25%. "Por mais que não seja uma redução tão gritante (no Ceará), nós estamos dentro de uma estabilidade de redução, sem altos e baixos. Isso é positivo. Dentro da nossa projeção, a gente quer tentar chegar próximo à redução de 10% esse ano, comparado com o ano passado", revelou Elânio.

OUTROS PONTOS DA ENTREVISTA

  • 'Cercamento' do Nordeste - O Ceará fechou um acordo de cooperação com a Paraíba e com o Rio Grande do Norte para a instalação de câmeras de videomonitoramento nos dois estados. O objetivo é expandir a ideia para todo o Nordeste, para facilitar a troca de informações e evitar crimes interestaduais. Já existem 3.800 câmeras em território cearense, segundo o titular da SSPDS, Samuel Elânio.
  • Novas funções em aplicativo - O aplicativo '190', para aparelhos celulares, irá receber duas novas funções e ser relançado, divulgou Elânio. O 'Alerta Escola' será um botão que pode ser acionado por diretores de escolas estaduais para alertar à Polícia, junto do sistema de videomonitoramento, sobre possíveis ações criminosas nas escolas. Já o 'Maria da Penha' será voltado para mulheres vítimas de violência doméstica, que podem denunciar à Polícia a aproximação de ex-companheiros que deviam respeitar medidas protetivas de distanciamento.
  • Soltura de chefe de facção - O secretário Samuel Elânio também falou sobre a soltura do chefe de uma facção cearense, Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia', por decisão da Justiça Estadual. Ele é acusado de ordenar a Chacina das Cajazeiras e a expulsão de moradores, na periferia de Fortaleza: "Foi um trabalho bem feito no passado, que culminou na prisão não só dele, mas também de outras pessoas. De uma certa forma, gera um retrabalho para a Polícia, porque inúmeros crimes ele já praticou e, muito provavelmente, ele vai praticar outros".
Diário do Nordeste

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