ilustração |
Um grupo de pesquisadores mergulhadores de Brasil e Portugal investiga a origem de uma embarcação naufragada há, pelo menos, 150 anos e que pode ter relação com a história do Brasil imperial. Os últimos dez anos de investigação dão conta de que embarcação de madeira, da segunda metade do século XIX, pode ter sido utilizada para transportar os estudos da comissão científica imperial, criada por D. Pedro II, para desbravar o Brasil em busca de metais preciosos e ampliação de conhecimentos em mineralogia e botânica. A mais recente operação de arqueologia subaquática durou 5 dias no mar de Acaraú.
Conhecido por várias gerações da comunidade da Praia da Volta do Rio, em Acaraú, a embarcação é alvo de diversas lendas desde o seu afundamento. A data mais provável de naufrágio do lendário “Barco de Acaraú” é 13 de março e 1861, conforme os registros da época davam conta do sinistro ocorrido pela embarcação Palpite, encomendada pelo cientista Guilherme de Capanema, amigo de infância de D. Pedro II e um dos líderes da comissão de notáveis, que viajou pelo Ceará entre os anos de 1859 e 1861.
Os pesquisadores, no entanto, acreditam que esta nova fase de investigação, que inclui a arqueologia subaquática, medição de todas as peças e o registro em imagens tridimensionais, ajudará na reconstrução do modelo do barco, um elemento a mais para entender a origem daquele sítio arqueológico e a que o barco realmente se destinava.
Algumas das principais dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores são a alteração do cenário, primeiro pelos inúmeros saques de peças ao longo das décadas; depois pela alteração do cenário, que ao longo do tempo tornou-se um nicho para uma diversidade da fauna marinha. Pelos 50 metros de extensão dos destroços é possível encontrar um verdadeiro cardume.
“Estamos fazendo um mergulho tanto para verificar origem da embarcação como o atual estágio do naufrágio. A gente conta com a mesma tecnologia usada para a descoberta das manchas de óleo pelos pesquisadores do Ceará. Após todas as medições, percebemos que se tratava de uma embarcação até maior do que imaginávamos inicialmente”, explica o pesquisador Augusto Bastos, coordenador da operação, que teve como líder na investigação em arqueologia o professor e pesquisador Flávio Calipo, oceanógrafo e arqueólogo da Universidade Federal do Piauí.
"A gente passou por um processo bastante tempo atrás, conseguindo autorização da Marinha do Brasil para o registro, a documentação, o estudo, sem intervir no sítio. Não estamos tirando nenhuma peça. A ideia é criar um ambiente de pesquisa onde a gente consiga obter, sem tirar nada, informações sobre a história, o naufrágio, e que carga estava sendo transportada”, explica o arqueólogo.
De posse das novas evidências colhidas na operação de mergulho, os pesquisadores esperam, em breve, responder à pergunta: quem foi o "barco Acaraú”.
com informações O Acarau