'Só trabalha quem manda nudes'; candidata a vaga de loja diz ter sido assediada em mensagem enviada para seleção de emprego

 



Mulher processou o shopping, uma loja e o responsável por mandar as mensagens, que foram condenados a pagar indenização de R$ 50 mil; cabe recurso da decisão. O shopping diz que condena a atitude. O g1 falou com a defesa da loja e do réu no caso, que diz repudiar qualquer forma de assédio ou importunação sexual contra mulheres e acusa 'disparidade dos horários' de uma das mensagens.

A mulher que recebeu pedidos de "nudes" após se candidatar a uma vaga de emprego em uma loja de um shopping no Rio de Janeiro gravou as mensagens de texto feitas durante a seleção para vendedora. O g1 teve acesso às conversas que foram salvas no celular da candidata.

"Só trabalha quem manda nudes ou faz o teste do sofá", diz a mensagem que a vítima gravou. Ela disse que afirmação foi enviada por homem que marcou a entrevista 

Após a conversa, Tatiane de Souza registrou um boletim de ocorrência. Ela também acionou a Justiça e processou o shopping, a loja e autor das mensagens. Os três foram condenados a pagar indenização de R$ 50 mil. Os réus ainda podem recorrer da decisão da 7ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O shopping diz que condena a atitude 

O g1 entrou em contato com a defesa do autor das mensagens e da loja. Segundo a advogada Patrícia Monteiro, que responde por ambos, "a empresa repudia qualquer forma de assédio ou condita de importunação sexual contra as mulheres" e adota "protocolos preventivos".



Ainda de acordo com a defesa, "todas as mulheres que se candidatam são entrevistadas exclusivamente pela gerente".

A advogada também aponta "disparidade dos horários de uma mesma mensagem, sugerindo adulteração do diálogo" e disse que o celular do réu foi apresentado para perícia, mas o procedimento foi dispensado em juízo.

De acordo com o processo, a mulher havia adicionado o currículo na seção "Trabalhe Conosco" do Shopping Metropolitano Barra, na Zona Oeste do Rio.

O caso ocorreu em 2019, quando a candidata tinha 19 anos e estava em busca de um emprego fixo.

Ela também entrou em contato nos números de WhatsApp disponíveis, e disse que recebeu mensagens de um homem que falava em nome do centro comercial.

O homem teria feito perguntas como nome completo, idade, sobre disponibilidade de horário, local onde reside e marcou o horário da entrevista.

Segundo Tatiane, logo em seguida ela pede informações da loja e é surpreendida com uma solicitação. "Não estava nem esperando, ele me pegou muito de surpresa. Estava conversando comigo, marcando a entrevista e do nada já pediu um nude e apagou. Foi muito rápido e de surpresa."

Ainda de acordo com a candidata, as mensagens foram apagadas em seguida. No entanto, ela conseguiu salvar as imagens da conversa no celular. De acordo com o advogado Marcus Malcher, as imagens também fazem parte do processo.

"Queria trabalhar em uma vaga em shopping, me cadastrei como vendedora. Era uma coisa nova pra mim, meu sonho. Fiquei muito abalada depois disso, estava precisando do emprego", disse Tatiane.

A administração do Shopping Metropolitano Barra afirmou "repudiar qualquer tipo de assédio ou violência" e alegou não ter acesso às mensagens trocadas entre os envolvidos.

Com a ajuda do namorado, Tatiana ligou para a polícia e depois registrou um boletim de ocorrência. Em paralelo, ela recebeu orientações para entrar com uma ação pedindo a indenização.

Na decisão da Justiça consta que o caso "extrapolou a esfera do simples aborrecimento", além de "ocasionar grande constrangimento e situação aflitiva à autora". O valor estabelecido foi determinado por dano moral após ofensa e por caráter educativo.

Cabe recurso da decisão. “Não pode passar impune uma situação dessa. Essa indenização acaba tendo esse caráter não só de reparar, mas de punição também. Se o recurso for acolhido, a vítima fica sem qualquer reparação", explica o advogado Marcus Malcher.




G1

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