Uso desenfreado de redes sociais afeta saúde mental e desgasta relações fora das telas




Curte e compartilha. Segue de volta, acumula, bloqueia e silencia seguidores. Produz conteúdo digital para uma, duas ou mais plataformas. Vive on-line, mas, na vida real, o movimento é outro. A dinâmica das redes sociais segue uma regra previsível: nem sempre o que está sendo publicado condiz com a realidade. Essa fragilidade é posta, sobretudo, no que diz respeito às relações interpessoais. Afinal, as mídias digitais aproximam ou afastam das “trocas reais”? Como essa superficialidade compromete a saúde psicológica?
Os questionamentos são o mote desta quarta e última matéria da série Um olhar para dentro, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A iniciativa faz parte dos objetivos destacados pela campanha Janeiro Branco, movimento dedicado à construção e ao debate de temáticas sobre saúde mental.

O “amor líquido”, conceito criado pelo sociólogo Zygmunt Bauman, antecipou o debate sobre as relações antes mesmo do uso frenético dos meios digitais. O pensamento representa o instante no qual as relações não conseguem acompanhar a rápida evolução do mundo. Os vínculos afetivos entre as pessoas, para o autor, são feitos de forma descartável e podem ser facilmente substituídos. É um amor sem forma, disperso.

Foco no “aqui e agora”

O meio digital é um recorte da realidade e atravessa barreiras geográficas. O ambiente virtual facilita o contato com pessoas queridas e também garante conteúdos de diversas temáticas aos usuários. No entanto, de acordo com Wesley Soares Ramos, psicólogo do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento da Rede Sesa, a disponibilidade exacerbada e a possibilidade de rápida interação entre indivíduos fazem com que as pessoas percam o interesse por encontros presenciais.

“É muito comum, numa roda de amigos, as pessoas se reunirem e ficarem fixadas no aparelho celular, interagindo com quem ‘não está ali’”, exemplifica Ramos.

O adoecimento mental em decorrência da exposição ao universo on-line precisa ser observado. Neuropsicóloga do Núcleo de Atenção à Infância e a Adolescência (Naia) do HSM, Marleide de Oliveira destaca os impactos do uso excessivo das redes sociais, podendo causar dependência. “Entre as consequências, temos a ansiedade, a depressão, a sensação de isolamento, o comportamento agressivo, o esgotamento e a obsessão com o corpo. Além de alterações na qualidade do sono, verificamos hábitos compulsivos, menor desempenho acadêmico ou profissional e prejuízo nos relacionamentos interpessoais”, pontua.
Atenta e forte (mas também on-line)

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